E agora? Ela vai me pegar, não há saída, esse é meu fim.

 

-Não se importe, Você é superior! - Falava sempre meu pai - eles não se importaram com você! Pisariam em sua face sem se importar, o mundo é cruel, e não fora feito para seres frágeis, pesos mortos, como você.

 

Não iria desistir, cheguei até aqui pra morrer? Recuso me a aceitar, preciso pensar com clareza, arquitetar, planejar, mas, como pensar quando mal se consegue respirar? Estou cansado.

 

Não me arrependo de nada, fiz tudo o que tinha que ser feito, tudo que me fora ensinado a ser feito.

 

Meu pai, foi um homem muito bom comigo, me ajudou a compreender como o mundo era cruel. Como ele sempre dizia: “ou você é o açougueiro ou é o gado”.

 

Exploração infantil. Esse era o trabalho de minha família, passado de geração para geração.

Daniel, um dos “capangas” de meu pai, era um dos melhores, até decidir abrir concorrência com meu pai.

Ele não tinha escrúpulos, valia tudo:

-Exploração sexual para fins comerciais;

-Casamento;

-Trabalhos domésticos;

-Adoção;

-Trabalho forçado;

-Mendicância;

-Qualquer outra atividade ilícita;

-Qualquer atividade que coloque em perigo ou em risco a vida de uma criança;

 

Meu pai, como bom homem que era, só fazia serviços para casamentos e adoções.

 

Olho pra todos os lados, certificando-me que está tudo limpo, mas, assim que me viro, dou de cara com Elena, meu doce demônio.